gravidez na adolescência






O mito de a gravidez ser mais saudável em mães mais jovens foi desmentido por uma pesquisa feita pelo ginecologista e obstetra Leandro Reis em sua tese, defendida em 2005 na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Após seis anos acompanhando a gravidez de mais de seis mil mulheres de 10 a 49 anos, o pesquisador chegou a resultados que colocam em xeque a crença de muitos médicos. “Há um estigma de que a gestação na adolescência é isenta de riscos porque ela acontece em um corpo supostamente sadio. Mas isso não é verdade”, afirma o autor da pesquisa.



O estudo foi realizado com 907 adolescentes e 5.350 adultas. Dentre os bebês das primeiras, 90 nasceram com problemas congênitos. Já entre os recém-nascidos de mães mais velhas, 577 apresentaram deficiência.



Os números mostram que a porcentagem de riscos para mães adolescentes (9,9%) e para mães adultas (9,1%) é a mesma. De acordo com Reis, a porcentagem de adolescentes que tiveram bebês com problemas é muito alta. “Considerando que existe a crença entre os médicos de que gravidez nessa faixa etária é praticamente isenta de riscos, esse número chega a ser alarmante”.



Entre os problemas encontrados nas gestações das adolescentes, o principal foi o defeito no fechamento do tubo neural, que acarreta doenças como hidrocefalia, rebaixamento de QI, dificuldade para urinar e evacuar, problemas de locomoção, entre outros. “Atribuímos essas anomalias ao pré-natal tardio e distúrbios nutricionais, comum em adolescentes por ainda estarem em desenvolvimento”, explica a orientadora do estudo Cristina Guazzelli.



É por esta razão que a pesquisa comprova que a gestação na adolescência também pode ser considerada gravidez de risco. O pesquisador alerta ainda que, mesmo com a tendência da sociedade moderna de prorrogar a gravidez, o número de adolescentes grávidas está sempre em crescimento. “Só no SUS, em 2000, 26% dos partos foram de filhos de adolescentes”, afirma.

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